Um dia apareceu um cara, devia ter uns 17 anos, era bem mais velho que a gente, chegou como quem não quer nada, anunciando sua presença e se achegando das parreiras cheias de uvas. "Conhece a Betsaida?" perguntou ele. Eu, com uns 11 anos, meu irmão e meu primo com 7, respondemos ingenuamente que não. O cara começou com um papinho, tipo "Betsaida é a salvação", e subiu numa árvore ao lado da parreira. E Betsaida pra cá, Betsaida pra lá, o cara começou a pegar cachos de uva, ia colocando na camiseta, no estilo canguru, saca? Desceu, disse que a Betsaida agradecia e deu o fora com um monte de uvas. Seria a maior cagada se fosse o nosso quintal, as nossas uvas, só que estávamos brincando no terreno da vizinha, a Dona Paula. Há uns dois anos, eu vi o convite para o enterro do Betsaida. Talvez tenha finalmente encontrado alguém que conhecia a Betsaida.
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