quarta-feira, 19 de março de 2008

O LIVRO QUE ESCREVI

Um dos livros que já publiquei é o Dicionário do Zé Taquara, coletânea de ditos do meu sogro.

O Zé Taquara passou quase 40 anos de sua vida liderando uma equipe de marcadores de madeira de corte, especificamente para postes de energia elétrica. Assim, ele conheceu cada palmo do Rio Grande do Sul, sul do Brasil e fronteiras com Argentina e Uruguai. Assim ele trouxe na memória as características de cada lugar, e as histórias pitorescas de pessoas simples, mas com uma gigantesca sabedoria: a faculdade da vida.

O Zé Taquara fala palavras que existem e estão nos dicionários, mas escapam de nossas cabeças de internet. Graças à sua prodigiosa memória, e sua capacidade de observação, podemos arriscar um rascunho de uma cultura, para mantê-la viva. E o Zé Taquara também.

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A
Antiguidade é posto - José explicando porque ele conseguia os cargos importantes na CEEE
Adiente - adiante
Aluir - cair, demoronar
Avaloar - mesmo que avaliar
Arça, te peguei sem carça - para alçar o baralho no início do jogo
Ari Babá e seus ladrões - alguém da família estava contando sobre uma pessoa chamada Ari e o José chegou no meio do papo e disse isto, querendo dizer: Ali Babá e os quarenta ladrões.
Ah, um reio bem grande de çoiteira por cima (pelo lombo) - Quando alguém merece apanhar, um relho resolve tudo.
Abriu o bebedô de lavage - chorou
Ah, que queu te disse? - quando ele tem razão em algum assunto
Acho é pior que lepra - o fato de não ter uma opinião formada, apenas "achar" é pior que ter a doença lepra.
Aqui nós temo coberta - quando a Naira fala em ligar o ar condicionado no inverno, o José diz que eles têm cobertores, por isso, não precisam ligar o ar.
Até 10 anos depois da morte - José disse que tinha tanta camisa que ia poder usar até 10 anos depois que morresse.
Aí que eu me dei a cabeça - o mesmo que se dar conta, se lembrar


B
Batê Saco - fazer sexo
Burra nuvão - pegadinha, parece falar das nuvens, mas é uma burra (pênis grande) no vão (das pernas)
Bem-feito e Queimado - junta de bois do José na juventude.
Bateu na fraqueza - o calorão e moleza que dá depois de uma refeição, quando a pessoa não tá acostumada a se alimentar direito.
Briga - Tinha dois irmãos brigando lá em Alegrete, nos anos 70, onde o José ia trabalhar para a CEEE, e um monte de homens olhando e ninguém fazia nada para apartar. Chegou o Zé Taquara, olhou... e disse: - mas escuta! E foi pra já que eles pararam de brigar.
Bicho, Bicho... - diz para o gato preto e branco
Biii...Biii....bamu Helma - quando o José já está dentro do carro e não pára de buzinar, esperando desesperado pela Helma.
Bradesco, o chefe tem o cabelo do cú crespo - invenção do Zé Taquara

C
Cafanhoto - Gafanhoto
Caticoco - Negro
Cacaiada - um grupo de pessoas idosas.
Côve do seu Betôve - Couve
Coivara - Galhos resultantes do corte de árvores.
Cruzeira pendurada na calça - Numa de suas andanças pelo interior do RS, o Zé Taquara foi mijar e voltou para a caminhonete da CEEE com uma cobra cruzeira, altamente venenosa, com as presas fincadas na barra de suas calças.
Chimarrão - Quando uma comida ou bebida está sem açúcar, ou amarguento, ou sem gosto.
Cerveja de 6 em 6 - Na juventude, nos bailes, o José pedia 6 cervejas de cada vez, pois a turma na mesa era grande e sedenta e ele fazia questão de pagar pra todo mundo só pra se aparecer e gastar o soldo do exército.
Coça, arreta e penteia - Utilidades do sabugo para limpeza íntima do cú.
Cuidado - Cachorro do pai do José, que com uma palavra dizia para o recém-chegado ter cautela com o cão, e, ao mesmo tempo, dizia ao cachorro para não atacar.
Cumê gordo o cú me resbala, cumê magro o cú me gruda - maneira de empulhar, enganar alguém, mas vale a interpretação de cada um.
Cagou-se um puto em Bagé - quando alguma coisa estraga ou não sai como o planejado.
Corrimão do INPS - gosto ruim na boca.
Coidadio.... - José diz quando alguém precisa ter cuidado e está correndo risco de acidente.
Cuida bem dos trastes - para ter cuidado com seus pertences.
Cagou-se o tripedo que era pra lingüiça - quando algo se estraga antes que seja usado ou fique pronto.
Crisa - o mesmo que crise.
Casaquinho ressabiado de peido - casaco curto na bunda
Capela dos Cunha, raspa o cu com a unha - invenção do Zé Taquara
Cartucho - quem não come fica mucho - cartuchos de amendoim que a Helma faz na Páscoa.
Cheia de partes - o mesmo que "cheia de nove horas"

D
Desodorantezinho de ouvido - Cotonetes
Deitou o cabelo - correr, fugir
Dormir com os pés pra fora da cama - Acontece sempre por causa do calor insuportável dos pés do Zé Taquara. Houve um dia, num acampamento da CEEE, em que a barraca estava tapada de neve, o Zé colocou os pés quase pra fora da barraca, de tanto calor.
Dois cu véio - Quando ele quer dizer que é pra contar com ele também.
Duva - Nome de uma gata que o José tinha na juventude, que era muito corajosa. Certa vez, a Duva estava saindo do matagal arrastando uma cruzeira pelo rabo e o José disse que não parava mais de sair cruzeira do mato de tão grande que era. Mais tarde ela morreu brigando com um ouriço.
Dois patinhos na lagoa - o José canta no jogo de bingo, para o número 22.
Dente Pobre - Para o Zé Taquara, o Dente Pobre é o ex-governador Antônio Brito.
Dinheiro que nem a fogo termina - Alguém muito rico.

E
É proibibo tarrafear - escolher os melhores pedaços de galinha ou lingüiça de dentro da panela de comida.
É proibido fazer mina - fazer buraco no arroz pra pegar só a rapa.
Eu vou ei-lo - ir defecar.
Estojo do feijão - vagem do feijão.
Estranho e Estrangeiro - bois do José.
Éguas do José - Morena e Schimmel.
Eu sou o Quinininho - diz para o gato branco.
Eu sou tão tão - diz para o gato branco.
Eu não tenho coluna - dizendo que não tem dores de coluna, que nunca sentiu nada.
Esse é penteado - Quando alguém é esperto e/ou tem muita experiência no que faz.
É um deitado - Diz de alguém preguiçoso, que deixa o serviço para outros fazerem em seu lugar.
Enfiando toicinho em cú de porco gordo - desperdiçar
É mesmo que tratar burro a pão de ló - desperdiçar
Embajá - o Zé Taquara diz quando as ervilhas estão se formando dentro da vagem.

F
Franquê de Burton - vinho muito caro.
Fartura - "A fartura Deus amou" - A Helma fica furiosa quando o Zé Taquara diz essa e sempre questiona: "Não sei da onde o José tirou isso". Já o Zé diz que ele escutava desde pequeno o seu pai falar esta frase.
Finiquitos - O José diz que o Quininho queria tanto brincar que tava até dando uns "finiquitos"
Fuzarca - folia
Fregelado - flagelado
Fazer fusquinha - fazer caretas
Francelíbio - quando os dois eram jovens, o José foi subir num coqueiro pra apanhar coquinhos. Toda vez que o José estava quase lá em cima, o Francelíbio dizia uma bobagem ou fazia algo para o José rir e ele caía do coqueiro. Até que o José disse que se ele fizesse de novo ele ia apanhar. Mas quando o José subiu, encontrou um gambá no coqueiro e começou a descer ligeiro. O Francelíbio achou que o José estava caindo e que a culpa era dele, e começou a correr de medo de apanhar.
Fiquemo sem bóia - José contando que perderam toda a comida de cima dos pratos quando ligaram o ventilador grande virado pro lado da mesa.
Fazê o cabelo - O Zé Taquara diz quando vai ao barbeiro cortar o cabelo.

G
Gosto de congonhas com amêndoas de jaca - comeu uma comida lá em Barreto e disse que estava com este gosto.
"Não te preocupa que a gente se acostuma com a tua feiura" - José falou para seu genro Geraldo.
Garraio - o menor, o mais fraco
Governador Collares - o Zé e a Helma estavam na praia, fazendo caminhada, e o Zé viu alguém parecido com o Collares no outro lado da rua e falou, baixinho, pra Helma: - Eu acho que aquele é o Collares...
Mas o Collares escutou e disse: -Sou eu mesmo.

H
Helma, vamu pára de contá historinha? - o José já tinha ido dormir e a Helma e a Jeanete ficaram na sala conversando. Nem precisou levantar, deu um "pito" nas duas lá da cama mesmo, deitado. A Vivian estava junto pra confirmar esta história.
Helma, arruma o guarda-roupa que eu quero dormir - o José queria dormir e a cama estava com tanta roupa em cima que parecia mais um guarda-roupa.
Helma, tu tá me desprezando - a Helma não oferecia cerveja para o José.
Helma, tu tá me insurpindo - a Helma bebia sozinha e não passava o copo de vinho para ele.
Helma, esse vento vai esfriá meus óvo e o teu bife - o vento do ventilador de teto na comida.
Helma, vamo dormi que as visita querem ir embora - quando ele tá com vontade de ir dormir e os filhos estão em roda, incomodando

I
Isso é que é vontade de dormir com os olho da cabeça - sono
Isso é que é vontade de cumê bóia com a boca da cabeça - fome
Isso é que é vontade de cagá com o cú da bunda - vontade de fazer cocô
Ia mas agora Urda - quando alguém vai fazer alguma coisa e desiste. Ia e Urda são gêmeas, primas da mãe da Helma.
Isso não é vida - José costumava falar para a primeira filha Jeanete quando era bebê e fala até hoje para seu neto Artur e pro Quinininho.
Intimidade - A Rosane Noschang, apresentadora do Jornal do Almoço da RBS TV se despede levantando a mão para dar tchauzinho. O José falou: "Olha essa intimidade..."
Isso não se faz nem pra gato puto - quando a pessoa não merece.
Isso é trabalho pra preso - pintar veneziana de janelas e qualquer outro trabalho que ele não goste de fazer.
Isbrugá - esbrugar, descascar

J
Já comi, já bebi, agora vou cagá e vou dormi - José diz logo após o almoço ou a janta, pra avisar que vai se deitar e que não quer incomodação e zueira por perto.
Já passou o ônibus? - ele pergunta pra Helma, perto do almoço, pois o horário do ônibus coincide com a hora de poder tomar cerveja ou vinho, antes de almoçar.

José, descasca umas batatas pra mim? Resposta do José:
-Vou te descascar o lombo a reio

José no apartamento sem ter nada pra fazer, a filha Naira pergunta: - e as palavras cruzadas pai? E ele responde:
-Tá aqui, mas já aburrici... (se aborreceu de tanto fazer palavras cruzadas)



L
Lóizinho - nas palavras do José: "é qualquer coisinha pequeninha"
Lóro - corda do estribo
Lódi - gata branca do José
Levedou demais - o José mal havia colocado um pedaço de pão na boca e já saiu com essa, não tinha nem dado tempo de sentir o gosto do pão.





M
Me vou ao cisco - quando vai dormir
Meu violão caiu de cima..."do armário" - disse o José completando a frase de uma música que estava tocando em um rádio lá em Alegrete, nos anos 70. Detalhe: ele nunca tinha escutado a tal música e acertou a letra.
Maria Borraiêra - A mãe estava lá na chácara, vestida com calças compridas, uma saia por cima e um avental. Daí o José falou: "Olha só a Helma. Vê se não é a legítima Maria Borraiêra".
Milhanzal - capim
Minduim - amendoim
Mantega do Seu Betega - toda vez que alguém fala em manteiga ele diz isso
Moranga - O José sempre diz: Come moranga pra engrossar a perna. E a Naira comia moranga mesmo não gostando e nunca engrossou as pernas.
Murisqueta - fazer caretas
Mais uma etapa da vida cumprida - quando consegue se livrar de um compromisso, principalmente viagens.
Marca Cú - José apelidou um pretendente da Janete de Marca Cú, pois não gostava quando o cara passava na frente da casa de Barreto e buzinava pra Janete.


N
Neve de capucho - Disse que caía neve de "capucho" (flocos de neve) na Serra quando ia acampar pra CEEE.
Não me torne noutra - quando avisa alguém que não é para repetir o feito.
Não qué pegá bebê comigo? - querendo empulhar alguém, convidando para tomar cerveja.
Nanuscada - Noz moscada. Quando o José era pequeno, ganhou um tostão para comprar um doce na venda da Biela. Chegou lá e viu aquele monte de vidro, cada um com um doce diferente. Pediu uma noz moscada sem saber do que se tratava e foi feliz da vida, comer a nanuscada em cima de umacerca de pedra. Grudou o dente. Quase ficou sem dente e o tal do doce não deu sinal de que era um doce. Foi pra já que ele atirou longe. A madrinha dele ficou olhando tudo da porta da venda, morrendo de rir. Mas lhe chamou e deu um pãozinho redondo, que era o que ele estava acostumado a comer todo dia.
Não escala o Grêmio - Zé Taquara estava na gravação ao vivo do Jornal do Almoço, no Parque da Oktoberfest. O famoso Falcão estava lá apresentando o programa. Depois do programa, o Zé Taquara conseguiu cumprimentar o Falcão e disse esta frase na cara do homem.
Não alcança mas atocha - pau curto e grosso
Nem os cachorro não come - quando a comida está muito boa e certamente não sobrará para os cachorros.
Nós somos macios - o José falava com voz diferente, fazendo de conta que era os gansinhos recém-nascidos que estavam falando.


O
Oiei, oiei, mirei, mirei e... beuuu - José todo camuflado se disfarçando ao máximo pra caçar umas marrecas. Ele achava que eram marrecas mas era um monte de macega com o formato de duas cabecinhas.
O colesterol que se dane - quando ele fez um exame e o colesterol estava alto
O médico que se dane - quando o médico disse que ele não devia comer banha
Ovelhas acoeradas(acolheradas) - "Coisas de outro mundo" - Esta história tem três fatos.
O primeiro fato: A vó Mimira (pai do José) havia visto um par de ovelhas acoeradas pelo pescoço, pelo buraco da porta. O que é mais importante: ninguém naquela região criava ovelha.
Segundo fato: O vô Adelino falou pro José avisá-lo de quando passasse o sr. José (pai do tio Adão) com a carroça (pois todos os dias ele passava com os bois Guiné e Freguesia ali perto da porteira, no mesmo horário de sempre), porque o vô queria trocar com ele umas sementes de feijão. Na tal da hora, uma vaca berrou e o cachorro acoou, como se alguém estivesse passando. Daí o José e a Ezilda, sua irmã, correram lá pra avisar o sr. José. Mas não era ele, viram apenas um par de ovelhinhas acoeradas com uma tirinha preta no pescoço. O cachorro ficou todo arrepiado e voltou correndo pra dentro do galpão. Nisso estava chegando o vô Adelino, que também viu as ovelhas, pegou os filhos e foi pra dentro de casa se trancar com a família, apavorado. Foi nessa hora que a vó Mimira disse que já havia visto estas mesmas ovelhas pelo buraco da porta, uns dias antes.
Terceiro fato: Uns dois meses depois deste episódio, o José e sua irmã Ezilda, foram dormir com a cunhada deles, a Percilhana, pois o Arlindo (irmão deles) estava viajando.
Tarde da noite, a Percilhana disse que os porcos tinham se soltado pois estavam fazendo barulho em baixo do assoalho, comendo milho (eles debulhavam milho e caía pelas frestas e os bichos iam comer). A Percilhana foi lá olhar com uma lanterna e voltou apavorada e disse pro José que tinha visto apenas duas ovelhinhas. E o José pensou: - ah, aquelas ovelhinhas de novo.
E, nas palavras do José: - "Daí nóis se abafemo debaixo das coberta, umas coberta fedorenta, pois a Percilhana era relaxada, tinha umas coberta de pena..."
Oito pila - tudo o que a Naira e o Tuta pedem emprestado lá na chácara, o José quer cobrar oito pila de aluguel.


P
Pê... - o Zé só dizia "pê" para os seus irmãos e eles ficavam apavorados e faziam tudo o que ele queria. O tal do "pê" significava que aquilo era pecado e que ele ia contar tudo pra vó Mimira. O tio Francelíbio tinha que buscar pasto pros bois do José todos os dias...senão...pê!
Passa na frente que eu te racho no meio - disse para um carro que queria ultrapassá-lo, quando ele tinha um opalão verde que ia a mil por hora.
Ponteirinho do calorão - ponteiro da temperatura do automóvel.
O José comprou um opalão azul, em Triunfo, e se foi a Santa Cruz na sua primeira viagem. Mas não sabia que o opala tinha a 4ª marcha e tava no maior pau, a 80 por hora, em terceira. O carro começou a ferver e sair fumaça e ele pensou: "Aquele cara me enrabou com esse auto, fui olhar o ponteirinho do calorão e tava deitado pra trás".
Foi contando essa história que o José disse: "aí que me dei a cabeça que o carro tinha 4ª marcha, daí nunca mais esquentou".
Pereá - preá
Pobre do dógui - diz pra qualquer cachorro que ele vê
Peido - "Comi butiá, tomei café com coruja, isso vai dar uns peido daqueles regular". Essa ele disse pro seu neto Fernando.
Perder o sabugo - correr, fugir
Perder o saco - correr, fugir
Perdi a mãe das banguela - Disse em uma viagem, ao passar por uma descida, onde poderia ter colocado o carro em ponto morto e economizado gasolina.
Policial - o José vinha pra Santa Cruz com o Opalão verde. A Naira vinha junto. Um policial atacou o José e ele parou. O policial pediu pra ver o porta-malas. O José abriu o porta-malas e pegou o facão e arremessou contra o policial e disse (de brincadeira): olha que eu te passo o facão.
Pera do seu Pereira - O José diz toda vez que alguém fala em pera.
Papagaio da Nina - O José disse: A cocota vai fazer fecção - fazer cocô
Pedrador de passarinho - predador. José falou da ave alma de gato


Q
Qué...quero! - Um cara de alegrete, o tal de Vicente, estava se queixando pro José que precisava de um cadeado pois um pessoal estava sempre mexendo e roubando as coisas dele. Daí o José começou a dizer: "Olha, eu tenho um cadeado aqui, tu qué..." e nem terminou de dizer tudo e o cara já respondeu: "Quero!"
Quedê tua mãe? - José no telefone celular. Não cumprimenta, não diz alô, não diz nem quem é que tá falando... Só fala o que é de seu interesse e tchau. Este episódio aconteceu quando ele estava na chácara e a Helma na cidade. O José não conseguia localizá-la e ligou para Naira e só falou isso no telefone.
Quaje - Quase



R
Randáp nos cabritos - o José queria dizer que tinha colocado veneno de piolho nos cabritos e disse pra Naira que tinha colocado Round Up nos pobres dos bibitos.
Revinvéis - o José foi tomar banho e buscou uma cueca na gaveta, mas quando foi colocar viu que era uma calcinha da Helma, pois tinha "revinvéis" - acabamento de rendinhas.
Rebojando ao pé da serra - o vento
Rapadura pegada nas costas - o José ganhou uma rapadura, quando era pequeno, e dormiu com ela na cama. Disse que no outro dia amanheceu com ela pegada (grudada) nas costas.
Ripi...Ripindido - A Naira contando, lá em Barreto, nos anos 80, que tinha uns amigos hippies e o José disse isso, querendo dizer que o hippie ia virar um "arrependido" depois.


S
Superado - o José e a Naira estavam sentados na sala da casa, na rua Tiradentes em Santa Cruz, olhando o Roberto Carlos se apresentar no Faustão. Daí o José disse: "Mas o cabelo do Roberto Carlos tá superado", querendo dizer que estava "ultrapassado".
Subia na mulher - o José contou uma piada e disse que toda vez que o cara "subia na mulher" ela tinha que "í no plantão tomá ponto".
Serra e encerra o romance entre nós dois - a Helma queria serrar a aliança do casamento, já que a do José tinha se quebrado e ele saiu com essa.
Setembro mês das frô - quando joga cartas e lança um 7.
Sexta feira santa - Numa sexta feira santa, o José e os filhos da Ema (amigos dele) estavam em cima de um morro, largando pedras (pedra grande) pra baixo, só para ver elas fazerem trilho de devastação na roça de milho do João Pereira. Lá embaixo, onde as pedras iam parar, estava a dona Ernestina lavando roupa, arriscando receber uma pedrada. Daí chegou o tal do João Pereira com uma armaTaquari (arminha em que se coloca a espoleta pela frente, pelo ouvido, segundo o José) e disse: - vocês sabem de quem é esse milho? E eles saíram correndo pra casa. Os filhos da Ema levaram a maior surra e o José está esperando até hoje a tunda.

T
Treis eu vendi - disse que tinha vendido três gatos que ficaram na casa do Francelíbio, quando ele comprou as terras. Na verdade ele "levou os gatos e soltou" um no Jardim Esmeralda (o Astarte) e os outros na granja Kannenberg.
Tamo sem estrada - quando chove muito e a estrada da chácara fica muito ruim ou quando está cheia de buracos.
Tamo sem time - quando o Inter tá muito ruim.
Tiziu - nas palavras do José: "um troço bem preto".
Tórró - quando assa demais o pão
Tô embuchado com ácua me dá bacaca - quando se embucha com comida
Teres e víveres - os bens que uma pessoa possui
Tarugo e Bacará - bois do Zezé maia, vizinhos do José. Os bois pulavam ajojados, na mesma hora, por uma valeta, para irem comer mandioca na roça. E quando vinham procurá-los, eles se deitavam juntos, para que o sino do pescoço não fizesse barulho e eles fossem pegos.
Tapei o toráxico - quis dizer que cobriu o peito, pois estava com frio do ar condicionado.
Toma não, diga está - usado no jogo de cartas, quando se coloca a carta na mesa e se diz: toma. Também usado quando alguém quer dar alguma coisa e diz: toma...
Tão zuando os meus dizeres... - José falou quando começamos a ler esse dicionário pela primeira vez.
Tosse braba, cuculuchi - A Helma tava contando pra Naira e pra Jú que a tosse dela etinha voltado muito forte. O José estava por perto e soltou esta pérola...


U
Ûû ...de açúca, comi iscundidu pa não dá pus ôto - quando questionado quantos ovos de Páscoa ele ganhou na infância.


V
Vendi meu burro - o José ficou um tempão dizendo isso depois que contou a piada.
Vamu Helma - José apressando a Helma pra qualquer lugar que eles vão.
Várias espécies de sobremesa - José foi almoçar num buffet e havia uma grande variedade de sobremesa.
Vinhu mas não vieru - quando alguém diz vinho (bebida) o José diz isso.
Vô tê que durmi com uma véia de 70 anos - brincando com a Helma
Vô me servi do lado que ferveu - o guizado se acumula todo num lado só da panela, o lado que ferveu.
Velório - o José diz: "Eu não vô no velório dele, ele não vai í no meu"
Vô te amarrá... - Helma, Renato e Naira estavam mostrando ao José onde deveriam ser podados uns galhos de árvores para facilitar a passagem e o José ia atrás cortando. Tinha um galho de caqui com frutas que a Helma não queria que fosse cortado e foi dar uma idéia, mas nem chegou a completar o raciocínio e o José já interrompeu e respondeu na hora. A Helma começou a dizer: - Quem sabe a gente pega o galho e amarrar uma cordinha... E o José: - Vô te amarrá uma cordinha no teu pescoço e te pendurá lá em cima. Daí a Helma disse: - A vontade é muita, mas a coragem é pouca.


Adendos
Tô mudo - o José disse pra Helma, por telefone, quando ela tava no apartamento, na cidade. Disse que ficava mudo quando tava sozinho na chácara, pois não tinha com quem conversar.
Questã - o José sempre usou muito esta palavra pois colocou trocentos processos na justiça, contra a CEEE e chamava de "questã na justiça"
Tetéias - o José ganhou mais uma "questã" na justiça e deu o cheque pra Helma e disse: toma, compra umas tetéias pra ti.
Procurar - a Helma pediu pro José pegar algo pra ela dentro do quarto e ficou esperando, de repente chega o José e diz: - Como é que eu vou procurar se eu não sei onde é que tá?
Plantação de melancias - o José disse: só deu bugaio por causa da seca
Que côsa - o José diz quando não tem muito o que dizer sobre um assunto
Diz para os filhos; Vocês têm que cuidar dos trastes
Petrúquia - galinha de estimação do tamanho de um pinto. O José disse pra Helma: A Petrúquia já tá se enfeitando pra pô os ovo de duas gema.

Murisqueta - alguém que fica fazendo caretas pros outros
Mal Havida - o José disse, no jogo de snooker: -"eu não gosto de coisa mal havida"
Sobremesa - a naira estava comenda um doce de pêssego depois do almoço e o José veio comendo sorvete direto do pote. Quando passou pela Naira falou: -"isso aqui é só pra alta sociedade"
Repórter - Estávamos olhando uma reportagem onde as pessoas faziam churrasco de tripa de porco e o repórter teve que comer para experimentar e dar sua opinião. Quando o José viu o repórter comendo disse: -"agora mesmo é que eu não quero ser repórter"
Galinhas - a Naira e a Helma deixaram o portão do galinheiro aberto e segundos depois as galinhas já estavam comendo na horta. Foram junto com o José para tirar as galinhas e a Naira disse: - bah, pai como elas entraram rápido na horta! E o José falou: - "e se se abaixar elas entram até no cú da gente"
Mamulo - o mesmo que monte de terra, camulo. O José falou que estava difícil de passar o rastelo no pátio por que o chão estava cheio de "mamulo"

DO LIVRO QUE NÃO ESCREVI

Eu ainda vou escrever um livro só com os causos que eu ouço por aí.

A melhor história é esta:
Meu sogro, que é uma fonte, conta que quando serviu no quartel, morava numa pensão, e na primeira noite conheceu um tipo que morava lá, segundo diziam, perigoso. Pois o cara era tão macho, tão macho, que chegava da noitada altas da madruga, e para não correr o risco de disparar o revólver (todo mundo andava armado) dentro da pensão e matar a si ou a alguém, descarregava as balas dando tiros no chão. Toda madruga tinha uma saraivada de balas ao lado da casa.
hahahaha

A segunda melhor história é de dois irmãos, adolescentes vizinhos da Naira em triunfo, que gostavam de brigar a soco entre si. Mas como a mãe deles fazia eles pararem a peleia, eles se soqueavam escondidos nos fundos da casa, em silêncio. Pof! Uffff! ahahahahahaha

O CAÇADOR DO ANTAGONISMO PERDIDO

Eu sou um caçador de antagonismos:

1 - No final dos jogos de futebol, "Descontos" e "Acréscimos" querem dizer a mesma coisa.

2 - Dizer que dois caras "se bicam" quer dizer a mesma coisa que "não se bicam"


3 - Uma coisa que "me tira do sério" não me faz rir.


4 - O pão fresco e o pão quente são a mesma coisa.

segunda-feira, 17 de março de 2008

FRASES FEITAS, IDÉIAS PRONTAS

Algumas frases de minha autoria, numeradas por ordem analfabética e de desimportância:

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Número 04: "Preconceito é algo que inventamos para colocar no lugar de algo que não sabemos"

Número 06: "Família é onde nossas falhas são qualidades"


Número 08: "Eu quero ter um milhão de amigos e pedir um real para cada um"

Número 14: "Gostamos tanto de simplificar as coisas que criamos um estereótipo até das coisas mais raras"

Número 59: "
Tem pessoas que sou obrigado a tratar como se fossem a minha mulher"

Número 67: "Dançar é fazer sexo de roupas"

Número 71: "Quem se acha, um dia se descobre"

Número 88: "Somos metáforas de nós mesmos"

Número 99: "Seu
pet não se parece com você. Ele É você, só que sem essa montoeira de falsidade tão necessária".

Número 290: "Humanidade é o que falta à humanidade"

Número 291: "O que são os vícios comuns, cigarro, álcool, drogas, perto do vício de mentir?"

Número 1.776: "Todo dia eu treino duramente a minha falta de habilidade"

Número 4.081: "Viemos em apenas em dois tipos: falsos vencedores e falsos perdedores"

Número 5.194: "Se você tem tanta certeza de suas certezas, por que não permite que eu discorde delas?