sábado, 26 de fevereiro de 2011

CARMÓPOLIS - O BANCO

Seu Agostinho é o Gerente do Banco de Carmópolis desde os dezoito anos, e três dúzias de voltas em volta do sol depois, ainda é. Ele jura de pé juntos, mas não é bom falar de pés com ele: o seu Agostinho é pequeno como um Thunderbird, usa sapatos comprados em lojas infantis e a bagaceirada se lava rindo do jeitinho arrumadinho dele. Sempre de cabelo lambido com Glostora, que é como o pessoal chama o gel , ele tem uma Tabacaria ao lado da Rodoviária, gerenciada por sua mulher, que com um pincel de marta e tinta de tecido faz camisas e emblemas de times que ficam melhores que os originais.
Bom, o seu Agostinho jura que esteve um homem no banco, e mostrou documentos pra retirar dinheiro de uma conta que foi aberta por ele em 1810, ou seja, dois séculos atrás. Foi tanto dinheiro que um carro-forte foi despachado lá de Santa Adélia. O seu Agostinho perguntou quanto o cara tinha depositado lá na abertura da conta, e o homem respondeu: Foi só uma moeda. Segundo Agostinho, nos documentos, o homem não tinha envelhecido mais de vinte anos nesses dois séculos.

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