domingo, 3 de outubro de 2010

DOES THE WORLD-A-COMIN' WORTH IT?

Eles vêm caminhando em minha direção. A três quadras, ele, cabelo ruivo por cortar, bem mais alto e infantil que ela, com chapinha e aloiramento, óculos do tamanho da cara, que aponta para o outro lado. Ele fala, fala, mexe as mãos dentro do blusão. Ela acena com sins e nães, olha pra qualquer outro lado. A duas quadras, ele fala menos, ela ouve ainda a menor. Caminham a meio metro um do outro. Ele fala algumas coisas, olhando para ela, que olha para o mundo. A cem metros ele começa a se aproximar, seus quadris batem, ele deixa a mão meio que sem querer, dependurada essa rebelde, quem mandou tu... que bate na mão dela, também meio que caída sem querer. Em dez passos, as mãos se enroscam os nós dos dedos. Agora ela começa a falar, falar, falar, e ele, só olhando para o outro lado, para o outro lado. Passam por mim e não vejo mais nada. Morar em esquina e trabalhar em elevador tem disso: A gente nunca ouve o fim da história e muito menos da piada.

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