segunda-feira, 15 de novembro de 2010

DONA ARVORINA - THE TREE WOMAN

Pé na estrada, fomos visitar uma irmã do meu sogro, que, a saber: tem irmãos de dois casamentos do seu pai. O véio Adelino, avô da minha mulher, tirou cria da primeira mulher, que morreu no sexto ou sétimo parto. Não satisfeito, porque naquele mundo há mais de cem anos, o cara ter só meia dúzia de filhos já podia ser chamado de fresco, então carcou uma substi e embuchou nela mais umas sete ou oito criaturas. A primeira figurinha deste novo álbum era o meu sogro, José "Zé Taquara" Santos de Moraes.
Chegamos na casa da irmã dele, Arvorina, 92 anos, do primeiro casamento do seu Adelino. Ela está com a mente perfeita, uma mulher cujo marido morreu com doze anos de casado, deixando-a com oito filhos pra criar. Três deles são cegos, surdos e mudos. Todos estão vivos e moram com ela. São crianças, uma menina A Maria de 54, o Eni um guri de 64 e o Adão de 72 (sim, ele tem uma irmã chamada Eva). São doces criaturas, só notam que a gente tá na sala se a gente tocar na mão deles, senão ficam ali, quietinhos, tomam um copo de guaraná e comem uma bolacha. Parênteses aqui para aquele papo podre que sempre sai entre as mulheres: "Por que os filhos não ficam assim, sempre crianças, não é mesmo?"
Pois tem gente que deseja pra valer e acontece de verdade.
E o sonho de um é sempre uma tragédia se envolver alguém além do sonhador.

2 comentários:

  1. Sensibilidade que faz um bem...
    Vez em quando venho aqui 'ler um cineminha', é que sempre vejo um filme lendo estes posts...

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  2. Valeu Elô, por tuas palavras gentis. Não são muitos os que sabem usá-las.

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