quarta-feira, 21 de abril de 2010

MARIÃO


Eu morei por vários anos na Duque de Caxias com a Borges de Medeiros em POA. É um elevado, a uma quadra do Palácio do governo e da Catedral, e ao lado do Hotel Everest, que acolhia as celebridades da época. Um vizinho ilustre era o poeta Mario Quintana, que morava a uns 50 metros do meu apê. Eu via o velhinho todo dia. Ele tinha um pequeno séquito de admiradores, uma comitiva de estudantes, amigos, interessados ou curiosos acompanhava o homem do sapato florido em suas idas diárias ao café e livrarias, comprar cigarros, pra lá e pra cá, quase um "The Osbournes", se me permitem a comparação. A vida parece um reality show, às vezes. Bão, o que eu queria dizer é que quase sempre tinha uma pessoa que acompanhava de perto e constantemente o sr. "Eu Passarinho" . Uma estagiária, um graduando em filosofia. E ao longo do tempo, eu via - nessas nesgas de tempo que eu passava por perto - que a relação deles ia apodrecendo. No começo, com visível idolatria esaltitavam ao redor do escriba, depois de um tempo já estavam xingando o velhinho: "Pô, tu perdeu outra calculadora, Mario?"

Nenhum comentário:

Postar um comentário