quarta-feira, 10 de agosto de 2011

TEN

Hoje são dez anos que o Tuta morreu e eu ainda lembro dele toda vez que vejo uma guitarra. Ele dizia que a guitarra era a arte do controle. Do domínio do homem sobre o animal, que o instrumento era o barulho, o descontrole, e nós somos seres do silêncio, do domínio sobre a voz. Que o que era interessante eram os contrastes, os pulos, de uma nota grave para uma aguda e de volta pra grave. Ele tocava a guitarrra no talo do drive, com a maior suavidade que podia juntar. Ele buscava o grito suave, a agressividade macia que só uma válvula quente podia entregar. Não conseguiu, claro que não, mas a obtenção não era o seu objetivo. Ele buscava o saber, muito mais do que mostrar que sabia. Tuta. Hoje, tu é apenas um amontoado de tecidos esboroantes, mas em mim tu vai viver pra sempre, eu vou lembrar da tua voz, dos teus sonhos, das tuas balelas, mentiras e fingimentos e do quanto tu dizia que era a pessoa com mais sorte do mundo, porque tinha outras pessoas que gostavam de ti, mesmo tu sendo algo que se deva esquecer. Ride on, little swinger.

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