sábado, 29 de setembro de 2012

ONTENZINHO

Meus pequenos passos ecoam pelo piso de tábuas da casa da minha tia Marli, a Ani. O Tim, marido dela, está pegando um par de botas em uma caixa sobre o guarda-roupa. Ele me vê, e diz:
- Tuta, olha aqui, a gente sempre tem que ficar de olho vivo.
Tendo dito isto, bateu com o calcanhar da bota no chão e dela saltou uma imensa aranha que na hora levou uma pancada com o salto da mesma bota - e de repente viu uma grande luz, quando surgiu uma aranha velha, de barbas longas e com uma chave pendurada na cintura.
Parecia que ele sabia que a aranha estava ali, parecia que ele havia treinado a vida inteira para fazer aquele movimento rápido e mortal, parecia que tudo aquilo iria durar para sempre. Na minha memória, este e infinitos outros momentos estão vivos, barulhando, luminosos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

SONNY

Meu filho me corrige no post anterior a rua é Armando Ruschel, nosso antigo vizinho de chácara, perto também do professor Juca, que morava numa casinha de madeira com sua mãe.
Obrigado filhoto.

ON THE AIR

Uma vez eu peguei as caixas do meu três-em-um e montei uma mesa de mixagem no porão de casa, coloquei uma placa sobre a luz onde dizia NO AR.
Era uma porcaria de som, mais umas caixas que mandei fazer na marcenaria do... do... ajuda ae... no fim da Coronel Agra com a Salvador Stein Goulart... Petry... Mitter... o Cezinha Castro estava lá na última vez que lá estive... eniuey, eu imitava os imitadores de imitadores, tava bom assim. Um dia, resolvi que tocar música não era o mesmo que apertar o play. Mas isso sou eu que acho.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

BOCA A BOCA


Esse blog está sofrendo os efeitos do facebook. Sua interface é mais dura, mais burra, isso que o facebook nem faz ideia do que vai ser quando crescer, e estou jogando minhas impressões naquele esgoto do Zucka, confiando que depois que eu morrer elas ficarão ali para toda a eternidade digital, mesmo que ninguém dê a mínima.
Pois preciso fazer um boca-a-boca: Vai bloguinho querido, reage, volta pra vida, vem ver o sol atrás das nuvens, ou ao menos imaginar o sol, porque há dias chove, chove, parece música da banda Capital Pluvial.

sábado, 15 de setembro de 2012

THE OFFICE

terça-feira, 11 de setembro de 2012

RISCARY

Seja coerente em cada risco que traça.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

UM DIA ESPECIAL

Hoje é um dia especial. Uma pessoa, que fala mal de todo mundo, que acha tudo ruim, que zomba das pessoas, que esculacha com prazer a minha raça, a raça humana, veio até minha casa para pedir perdão. Eu lembrei daquela frase: Errar é humano, perdoar é divino.
Pois bem, falei: Faça-se o verbo! Faça-se a luz! e nada aconteceu. Sendo assim, não sou divino e consequentemente não sei perdoar. Botei-a para fora da minha casa, só não chutei sua bunda porque ela saiu em disparada, por um segundo eu lhe dava uma guinda bem no meio do rabo!

domingo, 2 de setembro de 2012

RICONEIRAS 0.001 - O SORRISO

Rinconeiras são fatos, acontecidos e causos aqui de onde moro, Rincão dos Oliveiras, interior de Santa Cruz do Sul.
Caminho e corro uns quilometrozinhos bem na infância das manhãs, hoje encontrei o Sorriso, um moreno magriço com dois dentes na boca, um em cima, outro em baixo, e detalhe, não se encontram, um de cada lado. Fico pensando como ele faz para abrir saquinho de ketchup.
Sorriso me viu, sorriu, falou opa-firme?, cada passo em uma direção, mas de algum modo, rumava para casa. E, rindo, me disse: A venda ainda não abriu. Mas eu só queria levar o dinheiro do trago que bebi!

sábado, 1 de setembro de 2012

O TITO, O OLÍS E O MISTERIO DA GALINHADA

Seu Olís, cujo nome era Ulysses, foi cozinheiro de uma equipe que andava, nos anos 1960 a 1980 no interior do estado do RS, marcando árvores para postes, a serviço da companhia elétrica. Com ele viajavam o motorista Tito, o José, meu sogro, o Anselminho e o seu Wilson, o chefe da turma. Quando o jantar era galinhada, o pessoal reclamava que só pegava os pedaços sem carne da galinha, só pescoço, asas, sambiqueira e quetais. Uma noite o Tito ficou na tocaia só sacando o que o cozinheiro Olís fazia. Ele assava os pedaços na caçarola e antes de colocar o arroz, que cobria tudo, movia as peças mais saborosas e cheias de carne para o lado do cabo. Com isto, a turma se servia na parte da frente da panela, onde estavam os piores cortes, sobrando os bons para o cozinheiro. Nisso o Tito foi se servir e tungou a colher no lado do cabo, o Olís berrou:
- Vê se isto é jeito de se servir, junto do cabo...
 E o Tito, na hora, com aquela voz de escapamento de DKW:
- Tu cala a boca alemão desgraçado, tu pensa que eu não vi que tu bota os pedaços bons, a moela, as coxas, desse lado e só tu come?
Acabou ali o mistério da galinhada.