Entrementes: Uma mulher, com uma voz insuportável, sentou de costas para mim, em outra mesa do resatura. Não pude deixar de ouvir aqueles ganidos, ela deve ser professora, porque só falava do colégio, colégio, colégio, quando não estava imitando seus cachorros por horas. Não saberia dizer quem imploraria pela morte primeiro, se eu, os seus alunos ou as pessoas que estavam na mesa dela.
Se o mâitre viesse com um menu de opções de mortes, tipo:
- Tiro na boca, a bala vem com pólvora temperada com finas ervas do Mediterrâneo,
- Enforcamento com corda reciclada, ecologicamente responsável,
- Granadas au sauce de C4,
- Guilhotina movida a energia solar,
eu escolheria o que fosse mais rápido.
Mas aí ela me larga uma que tive que me controlar pra não acessar meu balaio de discursos moralistas de cuecas de oncinha:
- Eu faço os orçamentos pro colégio tudo num só lugar, o balconista simula os outros dois orçamentos e faz o preço dele menor. Pra que eu vou me matar tirando preço em outros lugares? O dinheiro não é meu!
A seguir, se pôs a criticar as outras colegas de escola, parecia que a consciência dela era leve como uma top model.
Não tenho mais nada a dizer. Deixo com vocês a reflexão, já que eu não sou espelho.
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