domingo, 14 de março de 2010
BARRETOLOGIA
Minha mulher se criou com sua família na Volta do Barreto, distrito da cidade gaúcha de Triunfo. Ali passava o trem, havia uma fábrica de postes da companhia elétrica, a maioria das pessoas dali trabalhava na empresa, viviam em casas que a poderosa construiu. O pessoal era remediado, era todo mundo assalariado, humilde, gente simples. Um dia saiu uma notícia, todo dia tinha uma notícia, mas aquela foi especial: Algumas pessoas do Barreto tinham ganhado na loteria esportiva! O seu Anserno berrava, na hora do almoço, batendo com o punho na mesa: Agora nunca mais arroz com feijão! E em seguida, desmaiou. O João Mecânico soltou fogos de artifício por uns quinze minutos, o Milton fotógrafo veio de táxi da cidade especialmente para contar a notícia aos parentes, o seu Amélio comprou carne pra churrascada, a vila virou uma festa. No outro dia, "a rádio" deu a nova: Foram tantos os acertadores que o rateio ia pagar uma mixaria pra cada acertador. O que cada um ganhou não pagou nem a metade dos fogos, da carne ou mesmo da corrida do táxi. Foi a primeira vez que a sorte deu prejuízo.
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