Quando eu era criança, os adultos quase não falavam com a gente, quase não nos ouviam, quase não nos notavam. Me lembro que quando eu fui pro Rio de Janeiro, aos treze anos, adultos e crianças se juntavam nas ruas, todo fim de tarde, para soltar pipas, e todos conversavam entre si. Detalhe, os adultos ouviam o que as crias diziam, e o que falavam para elas não eram só ordens. O que mais havia na minha infância era conversas entre os adultos, que falavam entre si sobre as crianças, como se elas não estivessem na sala. Um desrespeito tão grande quanto o Faustão com prisão de ventre. Voltando às pipas, lá eu aprendi a fazer cerol, mil anos antes dos malandros impressionarem os palermas desavisados...
Nenhum comentário:
Postar um comentário