Tem um gurizinho que mal saiu das fraldas e já sabe ler! Essa era a notícia a meu respeito quando eu era criança. Mas eu tive facilidades, pude olhar bastante TV, que era bem primitiva, onde tudo o que o locutor dizia, aparecia escrito também, foi só ficar ligado, tá ligado? Lembro de uma cena muito clara: brincando de carrinho na frente de casa, passa um carro, de repente o carro dá uma baita freada. A seguir engata a ré e volta. O motorista desce, tira sua carteira do bolso. Estende pra mim a sua carteira de motorista. Lê aí, guri! Eu leio o nome do cara, que pega o documento de volta, entra no carro e vai se embora, coçando a cabeça. A seguir, uma tia, a Tita, começa em um novo emprego: Atendente na banca de revistas da rodoviária. Não precisa dizer que eu devorei toda aquela banca, eu comprava uma revista, lia, voltava, pedia se podia trocar, a Tita trocava, e dava risada, a Tita.
Com o hábito de ler eu já viajei, já fui ao espaço, já voltei no tempo, visitei o futuro, descobri sobre coisas tão pequenas que eu não consigo ver, e outras tão grandes que minha vista também não alcança. Se nosso cérebro fosse uma casa, começaria sendo uma casinha numa favela. Enquanto lemos, a casa vai crescendo, abrindo novas portas, salas, janelas, e vai se tornando uma mansão. Você que escolhe onde quer morar.
Em tempo: EIA! é pra chamar burro, saca?
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